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O empresário brasileiro é teimoso e folgado. Não sei dizer se é um fator cultural do nosso país, se é da educação que recebemos ou o medo de admitir os próprios erros. Esse empresário adora colocar a culpa dos problemas da empresa em qualquer coisa alheia, fora dos limites do seu negócio. Hora é o governo que não incentiva, hora é a crise internacional, depois é o dólar que está muito caro, são as leis que não colaboram, etc.
É muito mais fácil colocar a culpa dos problemas em outras pessoas ou instituições. Faz a gente parecer perfeito, não é?
E o que falar para essas pessoas que se dizem empreendedores quando dados do Sebrae indicam que as maiores causas de mortalidade das empresas é a má gestão? Sim! São os gestores que fazem as empresas fecharem as portas.
E um mal empresário nem tem tempo de aprender como solucionar os problemas, já que os negócios raramente duram mais de cinco anos.
Não vou negar que as políticas governamentais e as leis dificultam a vida dos empresários, principalmente dos pequenos. Mas não é o partido x ou y que vai te salvar da falência. Não é o presidente da República, governador ou prefeito os responsáveis pelo alto índice de mortalidade das empresas, são os gestores.
Por favor, se você já faliu um negócio, ou está prestes a fechar as portas, não encare esse texto como uma afronta pessoal, mas como uma chance de olhar para trás e admitir os próprios erros.
Se mais pessoas fizessem esse exercício, com certeza os índices de mortalidade das empresas seriam menores.
O que gera a mortalidade de micro e pequenas empresas?
A mortalidade das empresas é muito preocupante para o Brasil. Segundo algumas pesquisas do Sebrae, mais de a metade das empresas não duram cinco anos. Para entender esse fenômeno, o órgão decidiu avaliar os negócios durante anos e chegou a constatações preocupantes.
Foi constatado que:
- Empresários não levantaram informações importantes antes de abrir o negócio.
- Mais da metade não realizou o planejamento de itens básicos antes do início das atividades da empresa.
- Um maior tempo de planejamento permite que se conheça melhor o mercado antes de abrir a empresa, o que tende a aumentar as chances de sucesso.
Ou seja, a mortalidade das empresas está profundamente alinhada ao péssimo planejamento do negócio desde o início. O empresário não se deu nem ao trabalho de pesquisar o mínimo antes de abrir um CNPJ.
Se esses dados pareciam ruins, espere que ainda fica pior: Quase metade (46%) de quem abriu empresas não sabia o número de potenciais clientes e nem seus hábitos de consumo.
Ou seja, não sabiam sequer quem era o seu público-alvo. Quase 40% não sabia nem o que era Capital de Giro e nem quem eram os concorrentes.
Essa falta de planejamento tem vários motivos. Um deles é a pressa, já que a maioria das empresas é aberta em menos de 6 meses de planejamento, no calor de uma ideia que parecia genial.
Não me admira saber que 82% da mortalidade das empresas tenham ocorrido nessas condições.
Não há o que discutir, a mortalidade das empresas só tem um culpado: o gestor.
As principais falhas são:
- Falta de planejamento estratégico
- Falta de liderança
- Não saber lidar com equipe
- Falta de preparo para o negócio
- Falta de preocupação com aperfeiçoamentos
- Excesso de confiança
Vários desses problemas já foram tópicos de discussões aqui no meu blog, por isso vale a leitura em caso de interesse.
Falta de ação = mortalidade das empresas
Aliado ao mal planejamento e péssima gestão, está a crença popular de que só acreditar nos seus sonhos é a solução para o sucesso, como uma das principais causas de mortalidade das empresas.
Nossa cultura de procurar respostas imediatas e o discurso crescente e pouco embasado de pessoas que nunca abriram uma empresa, mas querem ensinar os outros sobre como fazer isso, está criando uma geração de empreendedores que acreditam no sonho como principal fator de sucesso.
Eles compram livros, vão às palestras, seguem famosos e compartilham postagens de fanpages motivacionais.
Buscam melhorar o seu negócio por meio de discursos otimistas, mas deixam o estudo financeiro, econômico, tecnológico e humano em segundo plano.
Claro que a parte motivacional e pessoal é importante para os negócios, mas não é tudo. Se fosse assim, todos esses palestrantes seriam milionários.
O aperfeiçoamento pessoal e espiritual ajuda a manter a equipe motivada e a encontrar soluções criativas para o negócio, mas sem o conhecimento técnico, é apenas discurso.
O gestor tem que ter visão crítica de si mesmo, saber o que gosta de fazer e o que não gosta. Ninguém pode saber tudo e não há problema nenhum nisso.
Um fator que contribui para a mortalidade das empresas é achar que o empresário deve fazer tudo, o que não é verdade.
Se você é um bom engenheiro de produção, entende de finanças, processos e gestão, mas não gosta nem sabe como lidar com recursos humanos, então contrate alguém para esse papel.
Não há vergonha nenhuma em contratar um profissional ou terceirizar um serviço que não sabe fazer para garantir que ele seja bem feito. Isso não é fraqueza, é inteligência.
Não esqueça que buscar qualidade e acreditar em si mesmo são os dois fatores mais importantes no combate à mortalidade das empresas, principalmente quando feito da maneira correta.
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